Dia 21 de março é comemorado do Dia Internacional da Síndrome de Down e a Terapia Ocupacional exerce papel fundamental no tratamento de pessoas com essa síndrome. Para falar um pouco sobre o tema, entrevistamos a terapeuta ocupacional Viviane Biriba, que trabalha na APAE há 9 anos e presta atendimento em consultório de Integração Sensorial.Dra. Viviane se graduou em Terapia Ocupacional em 2004, tem formação em Terapia da Mão – Reabilitação do Membro Superior pela Faculdades Integradas São Pedro (2006). Tem ainda experiência em Integração Sensorial, atendimento clínico em Saúde Funcional com ênfase em Reabilitação Neurológica Adulto, Geriátrica e Pediátrica, Programas de Triagens e de Atenção ao Desenvolvimento Infantil.
1) De que forma a Terapia Ocupacional atua junto às pessoas que têm Síndrome de Down?
O terapeuta ocupacional pode ajudar as pessoas com Síndrome de Down a desenvolver, recuperar ou manter habilidades que elas precisam para desempenhar suas atividades da vida diária, na estimulação e aquisição de habilidades motoras globais e finas, intelectuais e afetivas, desenvolvimento neuropsicomotor, habilidades funcionais e estímulo aos aspectos percepto cognitivos, buscando sempre maior autonomia e independência em seu cotidiano.
2) É possível ver diferença entre quem passa pela Terapia Ocupacional e quem não tem acesso a esse tratamento?
É possível sim ver a diferença e a intervenção precoce junto a Terapia Ocupacional é de extrema importância na aquisição das habilidades.
3) Como é o trabalho desenvolvido na APAE?
O trabalho é direcionado de acordo com o plano terapêutico singular de cada criança, estando essa em constante reavaliação. O atendimento pode ser realizado individual ou em dupla dependendo dos objetivos terapêuticos propostos a cada criança. Trabalhamos visando a aquisição de habilidades funcionais, estímulo aos aspectos sensoriais, percepto cognitivos e motores e promovendo maior independência nas AVDs.
4) Há muitos textos que destacam que a Síndrome de Down não é uma doença, mas sim uma condição da pessoa, associada a algumas questões. Acha que ainda há muita falta de esclarecimento sobre isso, já que muita gente vê como doença?
Sim, é importante levantar o tema, realizar palestras e capacitações para esclarecer melhor a população. Muitos falam por falta de conhecimento, por isso, faz-se importante abordar o assunto com frequência!
5) Como é possível perceber que o bebê tem Síndrome de Down?
Algumas características podem ser conservadas como:
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prega palmar única;
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olhos oblíquos;
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mais uma dobra nas pálpebras que pode deixar o olhar mais expressivo;
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implantação das orelhas mais abaixo que o habitual;
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cabeça mais achatada;
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são geralmente menores e mais leves e podem ter o pescoço ainda mais mole que o dos outros bebês com a mesma idade;
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língua grande;
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mãos pequenas com dedos curtos;
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hipotonia.
6) O que os pais devem fazer ao descobrir a Síndrome de Down?
Buscar atendimento junto a equipe multidisciplinar, pois a intervenção precoce é de suma importância no desenvolvimento neuropsicomotor e social da criança.
7) O que é mais gratificante no seu trabalho?
Gratificante é perceber que nosso trabalho faz diferença na vida da criança e da família, que podemos com ele, proporcionar melhor qualidade de vida! Cada evolução é uma alegria, que vibramos junto com a família e nos motiva a continuar nesse caminho!
8) E o que é mais difícil de lidar com quem tem Síndrome de Down?
Não trabalho com as dificuldades e sim com as potencialidades da criança, portanto, não vejo como o que tem de mais difícil… identificamos o potencial da criança e a partir disso, trabalhamos as aquisições necessárias para ampliar suas capacidades!
9) Como surgiu seu interesse por esta área?
Ao perceber que eu poderia ser útil a muitas famílias e levar a esses lares um pouco de alegria!
10) Acha que ainda existe muito preconceito ou a sociedade está mudando e passando a aceitar melhor as diferenças?
Observo uma melhora, mas infelizmente, o preconceito ainda existe e é muito frequente. Por isso a importância de trazer sempre o assunto e esclarecer melhor a sociedade.
11) E pra terminar, somos todos iguais ou todos diferentes?
Apesar de alguns aspectos em comum, cada indivíduo é diferente e vai apresentar um padrão distinto de desenvolvimento, mas ninguém é melhor que o outro! Por isso, independente de patologias ou condições, o respeito deve estar sempre presente! Cada indivíduo é único e todos dignos e merecedores do mesmo Amor!