No mês de abril, duas datas ressaltam a Conscientização da Doença de Parkinson, dia 04 e dia 11 (nacional e mundial). Ambos os dias são importantes e têm como objetivo divulgar a doença e as possibilidades de tratamento para que o paciente e sua família pudessem ter mais qualidade de vida.
No nosso país, estima-se que mais de 200 mil pessoas sejam portadores de Parkinson e, mundialmente, são mais de 70 milhões de pessoas. Estes dados fazem parte de uma estimativa divulgada pela OMS, que aponta também que o envelhecimento da população é um agravante das perturbações neurológicas. Normalmente, a doença não atinge um grupo específico de pessoas, mas os sintomas surgem a partir dos 50 anos.
A atuação da Terapia Ocupacional na doença de Parkinson
Embora ainda não exista cura, existem várias maneiras de controlar os sintomas. A preservação de uma vida profissional e social ativas ajuda no sucesso do tratamento.Considerando estes aspectos, a Terapia Ocupacional possui inúmeros recursos para melhorar a rotina e a capacidade funcional dos pacientes, seja nas atividades devida diária e prática, de trabalho e de lazer, promovendo independência, estimulando a cognição e consequentemente melhorando a qualidade de vida.
Terapia com animais
A Terapia Ocupacional pode explorar vários recursos no tratamento da Doença de Parkinson, mas um deles vem chamando a atenção em todo o mundo: o uso de animais. Trata-se de uma abordagem utilizada há muitos anos como coadjuvante em tratamentos de saúde. No Brasil, há registros desde 1950, quando a médica psiquiatra Nise da Silveira, passou a utilizar gatos como “co-terapeutas” em seus atendimentos com doentes mentais. Atualmente, entidades de saúde aproveitam o recurso no tratamento de pacientes com diversas patologias, entre elas o Parkinson.
Esse recurso, chamado de Intervenção Assistida por Animais – IAA oferece estímulos ao paciente: táteis, visuais, olfativos, auditivos; com o objetivo de promover a auto-estima e autoconfiança; trabalhar a motricidade fina e grossa; trabalhar questões relacionadas com motivação, concentração e atenção; estabelecer vínculo afetivo, promover a socialização e interação sensorial, entre outros.
Várias entidades de saúde já adotaram essa prática, como o Hospital de Clínicas do Rio de Janeiro, o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira (Icesp), o Hospital Israelita Albert Einstein, A Associação Paranaense dos Portadores de Parkinsonismo (APPP), o Hospital de Clínicas da UFPR e muitas mais.
Na APPP, os atendimentos ocorrem há 8 anos e todas as sessões são coordenadas por uma terapeuta ocupacional habilitada para trabalhar com esta técnica e com 12 anos de experiência com Parkinson, a Dra. Andressa Chodur. Ela conta que os atendimentos acontecem na associação uma vez por mês e têm duração de uma hora. Dentre os maiores benefícios, está a diminuição de ansiedade, nervosismo e estresse, a socialização, maior estímulo da cognição e memória e melhora do padrão motor. Durante o tratamento são realizados exercícios de memória, raciocínio lógico, socialização, treino de marcha, estimulação da coordenação fina, habilidades manuais, alongamento e relaxamento, estimulação sensorial, atividades lúdicas, jogos e sessões temáticas. Após o atendimento, os pacientes e auto-avaliam e relatam melhora, que pode ser referente ao tremor, lentidão, rigidez, equilíbrio, dor ou estado emocional.
Quanto antes o Parkinson for diagnosticado, mais fácil será o seu tratamento e melhor a qualidade de vida do paciente. Por isso, é essencial ficar atento aos primeiros sintomas, como mudanças na forma de caminhar, perda de expressão facial e diminuição do volume da voz. Lembrando que o terapeuta ocupacional é um dos profissionais habilitados e indicados para promover o tratamento do paciente com Parkinson, e que uma equipe multiprofissional é sempre importante para o resgate, em todos os aspectos, da qualidade de vida destes pacientes.